iPLANT: Inovação na produção sustentável de eucalipto
Entrevistámos Joana Costa, investigadora no RAIZ, para obter insights sobre o projeto IPLANT e fazer um balanço do seu progresso. Descubra como a colaboração com a The Navigator Company e a Altri, está a moldar a sustentabilidade florestal em Portugal.
Entrevistámos Joana Costa, investigadora no RAIZ, para obter insights sobre este projeto e fazer um balanço do seu progresso. Descubra como a colaboração com a The Navigator Company e a Altri, está a moldar a sustentabilidade florestal em Portugal.
Cofinanciado pelo COMPETE 2020, o iPLANT, projeto inovador para a produção de eucalipto, foi destaque na nossa última newsletter dedicada à economia verde. Conversámos com Joana Seabra Pulido Neves Costa, investigadora no RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, para obter insights valiosos sobre o projeto e fazer um balanço do seu progresso. Descubra como esta colaboração entre líderes de mercado, como The Navigator Company e Altri, está a moldar o futuro sustentável da indústria florestal em Portugal.
O projeto iPLANT surge como uma resposta inovadora às necessidades da fileira do eucalipto em Portugal. O foco principal é a identificação e produção de plantas melhoradas desta espécie, visando diversidade, produtividade e resiliência face a fatores climáticos adversos.
Lançado em 2018, o iPLANT teve como missão identificar novos materiais genéticos a partir das atuais populações de melhoramento do eucalipto. O objetivo foi desenvolver soluções para a produção em larga escala destes materiais, proporcionando ao mercado plantas que não só aprimoram a floresta de eucalipto nacional, mas também promovem a resiliência e produtividade a longo prazo das plantações.
O consórcio do projeto é composto por líderes de destaque na indústria: The Navigator Company, representada pelo RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, Navigator Forest Portugal e Navigator Papel Figueira, e a Altri, através dos Viveiros do Furadouro. Esta parceria reúne as principais empresas do setor de pasta e papel em Portugal, juntamente com um dos maiores viveiros florestais do país e um respeitado Instituto de Investigação.
O iPLANT promete não apenas transformar a produção de eucalipto, mas também contribuir significativamente para a sustentabilidade e qualidade da matéria-prima, beneficiando tanto os produtores florestais quanto os processos fabris de transformação.
Entrevista a Joana Seabra Pulido Neves Costa, investigadora no RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel
1. Como nasceu o projeto iPLANT?
O iPLANT surge na sequência de colaborações que as entidades envolvidas já tinham, sejam promotores ou parceiros.
A indústria tem em comum a necessidade de fomentar a floresta de eucalipto em terceiros e obter mais madeira do mercado nacional, já que quer a Altri Florestal quer a The Navigator Company dependem em grande medida de abastecimento por terceiros. Os desafios emergentes, como as alterações climáticas, também são comuns, levando à junção de recursos (materiais genéticos, know how…) neste projeto.
2. Quais foram as principais motivações?
A valorização económica da floresta portuguesa de eucalipto passa por um aumento da sua adaptabilidade e produtividade. Por um lado, o aumento das taxas de crescimento permite uma maior rentabilidade para o proprietário e obter mais madeira de mercado nacional para a indústria. Por outro lado, a utilização de planta melhorada com características mais favoráveis em termos de qualidade da madeira favorecem também os processos industriais de produção de pasta e papel.
Este projeto procurou aumentar a disponibilidade de plantas melhoradas (com materiais mais produtivos, mais diversos, mais tolerantes a fatores climáticos adversos e com melhores propriedades da madeira) e inovar nos processos de clonagem, permitindo melhorar a eficiência de produção, ultrapassando as dificuldades de enraizamento que continuavam a ser um estrangulamento comum às duas empresas.
3. Quais foram os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?
A identificação de novos materiais foi um grande desafio. Entre o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e do Papel, pertencente à The Navigator Company, e a Altri Florestal a diversidade de materiais era grande, mas propusemo-nos a avaliar em simultâneo a produtividade, a diversidade genética e a tolerância a fatores climáticos adversos, tais como frio ou secura. O volume de trabalho para encontrar materiais que cumprissem os 3 critérios de seleção é de grande dimensão.
Ainda, o enraizamento é muito difícil em E. globulus, sendo um desafio comum às 2 empresas. Conseguir passar os novos materiais para uma escala operacional também seria impossível se não conseguíssemos inovar no sistema de clonagem em eucalipto.
4. Os objetivos definidos para o projeto foram alcançados?
Acreditamos que sim. O grau de cumprimento do projeto foi de 100% e a inovação proposta neste projeto permitiu dar resposta às necessidades do mercado. Algumas das características inovadoras desenvolvidas no projeto foram originais em Portugal.
5. De entre os resultados alcançados, há algum que gostaria de destacar?
Os estudos realizados pelo INIAV e ISA permitiram incluir informação detalhada sobre o comportamento fisiológico de clones elite relativamente à secura e comportamento dos tecidos relativamente a temperaturas negativas. Esta avaliação constitui uma caracterização complementar aos dados de crescimento no campo recolhida nos programas de melhoramento (apenas crescimento e sobrevivência) e permite direcionar a alocação dos clones elite para regiões de maior risco de secura ou frio extremo.
Foi também a primeira vez testado o efeito de luzes em clonagem de eucalipto em Portugal, embora os resultados tenham sido apenas significativos em aumentar a produtividade do parque de estacas, e não no sucesso de enraizamento.
Por último, foi durante o iPLANT que foram feitos os primeiros testes com êxito numa nova estratégia de produção de estacas por aeroponia (sem uso de substrato), uma linha de trabalho promissora e que tem tido continuação dos estudos com resultados interessantes.
Apoio do COMPETE 2020
O projeto contou com o apoio do COMPETE 2020, no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, na vertente em copromoção, envolvendo um investimento elegível de 820 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 487 mil euros.
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