Inovação sustentável em fibras longas com o yarnsFS

A F.D.G. – Fiação da Graça encontra-se a liderar um projeto de grande relevância para o futuro da indústria têxtil: o yarnsFS – Desenvolvimento de um portfólio de fios funcionais sustentáveis com base em fibras longas, uma operação cofinanciada pelo COMPETE 2030. 

O setor têxtil enfrenta atualmente desafios críticos relacionados com a sustentabilidade e o impacto ambiental. Apesar de 97% dos materiais têxteis serem recicláveis, apenas entre 15% a 20% chegam efetivamente a ser reciclados. Esta realidade é agravada pelo modelo de consumo associado ao fast-fashion, que promove a substituição rápida de peças de vestuário e contribui para uma “sociedade descartável”. É neste contexto que o yarnsFS surge como resposta inovadora, ao apostar na valorização de fibras longas recicladas e na criação de fios com maior durabilidade e desempenho técnico. 

Segundo Carla Freitas, responsável pela operação, “O Projeto ‘Desenvolvimento de um Portfólio de Fios Funcionais Sustentáveis, com base em fibras longas’ tem como pilares de Projeto: fios com fibras longas de material reciclado; fios com fibras longas naturais emergentes; e fios com fibras longas de material reciclado com durabilidade incrementada.” 

A inovação técnica do projeto distingue-se pela aplicação de processos de fiação de fibras longas, tradicionalmente associados a matérias-primas como a lã, mas ainda pouco explorados no contexto da reciclagem. Estes processos permitem obter fios de qualidade superior, com maior resistência mecânica e potencial para aplicações exigentes, como os têxteis de proteção. O projeto introduz ainda metodologias de ecodesign e de análise de ciclo de vida, de modo a garantir que os produtos desenvolvidos reduzem significativamente a pegada de carbono e contribuem para a circularidade do setor. 

Carla Freitas sublinha que “este projeto, apoiado em equipas multidisciplinares que incluem técnicos da empresa, da universidade e organismos de investigação, tem permitido à empresa otimizar valências de Investigação e Desenvolvimento (I&D), nomeadamente nos conceitos de ecodesign e circularidade do produto”. Uma das grandes apostas passa pela incorporação de fibras naturais emergentes, como o cânhamo, o ananás ou a banana, matérias-primas que apresentam desafios técnicos, mas também enormes oportunidades de valorização sustentável. Como refere, “o desafio de utilização de fibras longas recicladas, de fibras naturais emergentes, sem historial de utilização em processos de fiação de fibra longa, vai permitir, para além da obtenção de novos fios com novas funcionalidades e mais sustentáveis, dar uma nova vida útil a resíduos, por exemplo folhas de ananás e banana, que de outra forma não seriam aproveitados.” 

Os resultados já começam a refletir-se não apenas no desenvolvimento tecnológico, mas também na perceção do mercado. A participação da FDG em feiras internacionais e eventos académicos tem reforçado a sua imagem como empresa inovadora e comprometida com a sustentabilidade. Nas palavras de Carla Freitas, “com este projeto a FDG está a dar passos decisivos na reutilização de fibras longas recicladas, tornando o seu processo de fabrico mais sustentável e potencialmente abrindo novos mercados de maior valor acrescentado.” 

Apesar dos desafios inerentes ao carácter pioneiro da iniciativa, o balanço tem sido positivo. “Em suma, tem sido uma experiência enriquecedora, mesmo que em alguns casos ainda não se tenham concretizado os resultados desejados, quer pelos desafios tecnológicos, quer pela inércia inicial nas cadeias de aprovisionamento”, conclui a responsável. 

O projeto yarnsFS afirma-se, assim, como um marco na estratégia da FDG – Fiação da Graça, combinando desempenho técnico, inovação e sustentabilidade. Mais do que uma resposta às exigências do mercado, é uma aposta no futuro da indústria têxtil e no compromisso com um modelo económico mais responsável e circular. 

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