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Portugal conclui projeto estratégico para o desenvolvimento de microlançadores espaciais

O projeto CARAVELA representa um marco no avanço tecnológico de Portugal no setor espacial

3 de Junho 2025 | Notícias

O projeto CARAVELA – Desenvolvimento e Demonstração de building blocks para microlançadores foi concluído com sucesso, marcando um passo significativo para a capacitação nacional no domínio dos lançadores espaciais dedicados a pequenos satélites. Liderado pela TEKEVER, o projeto foi promovido por um consórcio nacional e cofinanciado pelo COMPETE 2020, tendo como objetivo principal o desenvolvimento e demonstração de tecnologias críticas para os principais elementos constituintes dos microlançadores. 

“O CARAVELA representa um dos maiores desafios no setor do espaço em Portugal”, afirma Rui Santos, responsável pelo projeto. “Requer uma capacidade de inovação, que só se tornou possível pela integração, inédita, das competências já reconhecidas internacionalmente de um conjunto alargado de atores nacionais e pelo apoio atribuído ao projeto no contexto dos Projetos Mobilizadores”, acrescenta. 

O surgimento de novos modelos de negócio no sector espacial, particularmente o crescimento do mercado de pequenos satélites e das exigências operacionais associadas — como a necessidade de lançamento em datas específicas e para órbitas determinadas — revelou as limitações do modelo tradicional de lançamentos partilhados, conhecido como «piggyback». Neste modelo, os pequenos satélites são transportados como cargas secundárias junto a satélites principais, ficando limitados à escolha de órbita e calendário destes últimos. O projeto CARAVELA respondeu diretamente a esta limitação, propondo soluções tecnológicas adaptadas à nova realidade do mercado, muitas vezes designada por New Space

Ao longo do projeto, foram desenvolvidos e validados diversos componentes tecnológicos fundamentais, com o objetivo final de integração e demonstração prática. O CARAVELA culminou com a construção e ensaio de dois foguetes-sonda: um de um único andar e outro com dois andares. Estes veículos permitiram demonstrar, em ambiente real, as soluções concebidas ao longo do projeto. A abordagem diferenciada — com a utilização de dois princípios distintos de propulsão (líquida e híbrida) — procurou dar resposta às exigências específicas de cada fase da missão, enquanto reduziu o risco e os custos associados à realização de um único lançamento. 

“O apoio do COMPETE 2020 permitiu a constituição de parcerias entre várias empresas e universidades para o desenvolvimento dos novos produtos e serviços dentro da indústria portuguesa do espaço”, sublinha Rui Santos, reforçando a importância do enquadramento financeiro e colaborativo que viabilizou o projeto. 

O consórcio envolvido no CARAVELA reuniu um conjunto alargado de entidades nacionais com competências consolidadas no sector espacial. Para além da TEKEVER e da Omnidea, participaram também a HPS, a USIMECA, o CEiiA, o ISQ, e centros de investigação das principais universidades portuguesas, como o IST (UL), a FCT-UNL e a FEUP. Do ponto de vista operacional, o projeto contou ainda com o contributo do ACTV – Aeroclube de Torres Vedras, entidade com experiência na realização de lançamentos de foguetes. 

A execução bem-sucedida do CARAVELA representa um marco relevante no posicionamento de Portugal como ator no mercado emergente dos microlançadores e no desenvolvimento de capacidades tecnológicas próprias para acesso autónomo ao Espaço, abrindo caminho a futuras iniciativas e oportunidades neste domínio estratégico.

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