O CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental) lançou oficialmente a operação SIGNAL, uma iniciativa inovadora que visa melhorar a forma como detetamos e respondemos à poluição nos ambientes aquáticos. A SIGNAL — cofinanciada pelo programa COMPETE 2030 — procura disponibilizar ferramentas mais acessíveis, económicas e rápidas para monitorizar a poluição química em rios, estuários e zonas costeiras.
No centro da operação SIGNAL está uma tecnologia de ponta chamada Espectroscopia Raman, que permite aos cientistas captar uma “impressão digital molecular” das amostras de água. Isto significa que é possível identificar de forma rápida e eficaz sinais de poluição, mesmo quando os contaminantes estão presentes em concentrações muito baixas ou como misturas químicas complexas. Ao contrário dos métodos tradicionais, que são frequentemente caros, demorados e limitados no seu alcance, esta nova abordagem oferece uma solução prática para a monitorização de rotina.
“A monitorização de rotina da saúde da água e ecossistemas aquáticos é rara, pois as técnicas atualmente disponíveis são caras e complexas”, explica Laura Guimarães, responsável pela operação SIGNAL e líder do grupo EcoSignal (Ecosystem Monitoring and Sustainability) no CIIMAR. “A equipa SIGNAL, com experiência em produção de novos métodos ecotoxicológicos e de monitorização, está a desenvolver um método inovador acessível para este fim, usando a Espectroscopia Raman em modelos biológicos relevantes como as diatomáceas (microalgas unicelulares com uma parede externa de sílica, na foto).”
Os ecossistemas aquáticos — essenciais para a biodiversidade, água limpa, alimentação e lazer — estão sob uma pressão crescente devido à poluição, muitas vezes resultante de águas residuais insuficientemente tratadas e descargas industriais. Apesar da existência de regulamentação ambiental na Europa, a monitorização regular ainda é escassa, dificultando a deteção e resolução de problemas antes que causem danos graves.
A operação SIGNAL foi criada para mudar esse cenário. A operação está a ser desenvolvida e testada em locais reais no Norte de Portugal, nomeadamente nos estuários dos rios Minho, Lima e Douro. “A operação decorre em três estuários do Norte de Portugal, gerando resultados sobre o seu estado ecológico úteis à gestão adaptativa dos seus ecossistemas”, destaca Laura Guimarães.
Estas ferramentas inovadoras, pensadas não apenas para investigadores mas também para entidades gestoras de águas, agências ambientais e empresas de tratamento e reutilização de água, permitirão detetar poluição de forma mais precoce e precisa. Isto facilitará intervenções mais eficazes, a recuperação de habitats degradados e o reforço de práticas de economia circular no setor da água.
Os resultados da operação SIGNAL, além de apoiarem o controlo da poluição, servirão também para desenvolver programas de formação para técnicos e sensibilizar o público para a importância de proteger os recursos hídricos. “Os resultados apoiarão o controlo da poluição, a sustentabilidade ambiental e a economia circular da água”, acrescenta Laura Guimarães. “O programa COMPETE 2030, através da sua estrutura e sistema de incentivos, está a ser instrumental para a concretização da finalidade e metas da operação, que se insere no seu Objetivo específico 1.1 Investigação e Inovação – Desenvolver e reforçar as capacidades de investigação e inovação e a adoção de tecnologias avançadas (FEDER).”
Ao combinar ciência de ponta com aplicações práticas, a operação SIGNAL está a estabelecer um novo padrão na forma como cuidamos dos nossos recursos hídricos — um passo essencial para garantir um futuro mais sustentável e resiliente no contexto da transição verde global.