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Universidade do Porto cria sistema autónomo de monitorização oceânica

A operação BEAT-IT aposta na energia do próprio oceano para criar soluções tecnológicas limpas e sustentáveis ao serviço da monitorização ambiental

22 de Julho 2025 | Notícias

A Universidade do Porto está a liderar uma operação de investigação que promete marcar um novo capítulo na sustentabilidade energética dos oceanos. A operação BEAT-IT — cofinanciada pelo programa COMPETE 2030 — tem como ambição desenvolver a primeira plataforma de monitorização ambiental marítima totalmente autónoma, alimentada exclusivamente pela energia do próprio oceano. Esta abordagem inovadora pretende unir tecnologias emergentes de recolha de energia e armazenamento sustentável, com potencial para transformar a economia azul. 

“O projeto BEAT-IT visa desenvolver a primeira plataforma de monitorização oceânica energeticamente autónoma, ao integrar de forma inovadora tecnologias emergentes de recolha de energia, como nanogeradores triboelétricos e dispositivos baseados na evaporação da água, com baterias de água do mar para armazenamento sustentável”, explica João Ventura, responsável pela operação e investigador na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. “A nossa ambição é demonstrar, em ambiente real, um sistema totalmente alimentado pelo oceano, promovendo soluções tecnológicas limpas para a monitorização ambiental e potenciando novas oportunidades no âmbito da economia azul.” 

A operação conjuga o conhecimento científico da Faculdade de Ciências (FCUP) e da Faculdade de Engenharia (FEUP), duas unidades orgânicas da Universidade do Porto, numa colaboração interdisciplinar entre especialistas em nanomateriais, colheita de energia e baterias de estado sólido. “Este projeto representa uma colaboração entre a Faculdade de Ciências (FCUP) e a Faculdade de Engenharia (FEUP) da Universidade do Porto, unindo a experiência do nosso grupo em nanomateriais e colheita de energia com a reconhecida competência do grupo da Prof. Joana Oliveira em armazenamento de energia e baterias de estado sólido”, acrescenta João Ventura. 

A plataforma que está a ser desenvolvida integra três tecnologias disruptivas: nanogeradores triboelétricos (TENGs), que convertem o movimento das ondas em eletricidade; geradores induzidos por evaporação da água (WEIGs), que transformam calor ambiente em energia elétrica; e baterias de água do mar (SWBs), uma alternativa ecológica às baterias convencionais que usa os iões do oceano como recurso energético. 

Ao combinar estas soluções, a operação pretende demonstrar que é possível recolher, converter e armazenar energia no próprio ambiente marinho, sem necessidade de combustíveis fósseis ou infraestrutura externa. As primeiras validações serão realizadas em modelos laboratoriais à escala reduzida (1:8), e a fase final prevê a demonstração do sistema integrado numa bóia de monitorização instalada na Marina de Leixões. 

Este projeto não só abre portas a sistemas de monitorização ambiental contínuos e sustentáveis, como também poderá apoiar a eletrificação de embarcações marítimas, promovendo transportes menos poluentes. A versatilidade do sistema poderá também beneficiar áreas como a aquicultura, vigilância costeira, e a chamada “internet subaquática das coisas”. 

“O financiamento atribuído pelo COMPETE 2030 é essencial para tornar esta visão realidade, permitindo-nos desenvolver tecnologia nacional de elevado impacto científico e industrial e posicionar Portugal como referência na transição energética marinha”, destaca João Ventura. 

Com impacto previsto tanto na sustentabilidade ambiental como no desenvolvimento económico, a operação BEAT-IT representa um passo firme na direção de uma economia azul mais verde e resiliente. Ao transformar o oceano numa fonte contínua e limpa de energia, esta investigação posiciona Portugal na linha da frente da inovação tecnológica ao serviço do planeta. 

Links 

FEUP | Website 

FCUP | Website 

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