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Ciência portuguesa cria novas estratégias contra vírus

A operação ModiVir está a explorar novas estratégias terapêuticas para combater infeções virais através da investigação inovadora em RNA.

29 de Julho 2025 | Notícias

A Universidade de Aveiro está a liderar uma operação científica pioneira com potencial para transformar o combate às infeções virais. A operação ModiVir, promovida pelo Instituto de Biomedicina – iBiMED do Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Aveiro e cofinanciada pelo COMPETE 2030, aposta numa abordagem inovadora: reprogramar as modificações do tRNA, uma molécula essencial à produção de proteínas, como estratégia antiviral. 

Um novo caminho no combate aos vírus 

As infeções virais continuam a ser um dos grandes desafios da saúde pública mundial. Pandemias como a COVID-19 ou os surtos sazonais de gripe mostram a urgência de encontrar novas soluções terapêuticas. O ModiVir parte de uma ideia disruptiva: os vírus precisam do tRNA das células para se replicarem. Se conseguirmos interferir nas modificações do tRNA, podemos travar a multiplicação viral e criar antivirais inovadores. 

“O projeto MODIVIR nasceu com uma missão clara: encontrar novas formas de combater infeções virais, um dos maiores desafios da saúde pública atual”, afirma Ana Raquel Soares, responsável pela operação e investigadora do iBiMED. “Este projeto assenta numa abordagem multidisciplinar e translacional, articulando competências em biomedicina molecular, transcriptómica, epitranscriptómica, bioinformática, virologia e biotecnologia, e conta para isso com 2 grupos de investigação do iBiMED-Universidade de Aveiro: o grupo ‘tRNA epitranscriptome and disease’ liderado por mim e o grupo ‘Virus-host cell interactions’ liderado por Daniela Ribeiro, em estreita ligação com o tecido empresarial regional (Cellularis Biomodels) e com o Kaiser isotope lab, liderado por Stefanie Kaiser, da Universidade Goethe-Frankfurt.” 

Estudar o tRNA para travar vírus e criar novos medicamentos 

A equipa do ModiVir está a estudar o impacto das alterações químicas no tRNA — o chamado epitranscriptoma — em infeções provocadas por três vírus respiratórios sazonais: o vírus da gripe A, o vírus sincicial respiratório e o coronavírus humano 229E. O objetivo é descobrir como estas alterações podem ser manipuladas para reforçar a resposta antiviral. 

Além disso, o projeto irá desenvolver modelos celulares 3D para testar novas moléculas terapêuticas, uma inovação com grande interesse para a indústria farmacêutica. “Através de abordagens inovadoras e focado no estudo de uma molécula particular de RNA – o tRNA, este projeto vai permitir a identificação de novos alvos terapêuticos para o desenvolvimento de novos antivirais de largo espectro. Vai ainda permitir o desenvolvimento de modelos celulares 3D que podem ser usados para testar novas moléculas terapêuticas, com grande potencial para serem utilizadas pela indústria farmacêutica”, reforça Ana Raquel Soares. 

Potencial para outras doenças além das virais 

O impacto do ModiVir poderá ir muito além das infeções virais. A investigação tem potencial para abrir caminho em áreas como as doenças neurológicas e metabólicas. “Com este projeto estamos a criar soluções que podem fazer a diferença tanto na prevenção como no tratamento de doenças virais. Para além disso, o conhecimento obtido tem grande potencial para poder ser explorado em contexto de outras doenças, tanto infecciosas como de foro neurológico, metabólico, entre outras.” 

O apoio do COMPETE 2030 e o impacto na sociedade 

O sucesso do ModiVir só foi possível graças ao financiamento do COMPETE 2030. “O apoio do COMPETE 2030 foi essencial para pôr este projeto a andar e está a possibilitar o recrutamento de recursos humanos altamente qualificados. Graças a este financiamento, estamos a conseguir acelerar e reforçar o nosso trabalho na área do estudo do potencial das moléculas de RNA como alternativas terapêuticas e dar passos importantes no sentido de tornar estas soluções aplicáveis na prática clínica.” 

Além da vertente científica, o projeto também quer aproximar a ciência da sociedade, promovendo a literacia em saúde. “Ao mesmo tempo, o apoio do COMPETE vai permitir continuar a investir na literacia em saúde, algo extremamente necessário nos dias que correm – participando em feiras científicas, indo às escolas, e mostrando como a ciência pode melhorar vidas.” 

Uma investigação portuguesa com impacto global 

Ana Raquel Soares não esconde o entusiasmo: “Este é um excelente exemplo de como a investigação que se faz em Portugal, com o apoio certo, pode ter impacto global. Estamos muito entusiasmados com o que já conseguimos e ainda mais com o que vem a seguir!” 

Links 

IBiMED | Website 

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