Portugal prepara-se para consolidar um turismo mais sustentável com base em novos indicadores definidos pela OCDE.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou recentemente o estudo “Strengthening the evidence base for a sustainable tourism future in Portugal”, no âmbito da série OECD Tourism Papers 2025/06. O documento propõe um conjunto de indicadores para monitorizar a sustentabilidade do turismo em Portugal, reforçando a base de evidência que apoia o desenvolvimento do setor de forma equilibrada.
Em anos recentes, o turismo em Portugal tem reforçado a sua importância económica, assumindo um papel central nas exportações de serviços e no Produto Interno Bruto nacional. O aumento consistente do número de visitantes e das dormidas confirma a atratividade do país enquanto destino turístico. Contudo, este crescimento contínuo traz consigo o desafio de equilibrar a valorização económica do setor com a preservação ambiental e o bem-estar das comunidades locais.
Um sistema de indicadores ao serviço da sustentabilidade
Para responder a este desafio, a OCDE delineou um sistema composto por 24 indicadores aplicáveis ao nível regional. O objetivo é medir e acompanhar o desempenho do turismo nas suas várias dimensões — económica, ambiental e social — e apoiar a definição de políticas públicas mais informadas e eficazes. Este conjunto de indicadores resulta de um trabalho conjunto com o Turismo de Portugal e outras entidades regionais, alinhando-se com a Estratégia Turismo 2027.
Entre as áreas monitorizadas incluem-se a sazonalidade do turismo, o contributo económico para as economias locais, a gestão eficiente dos recursos naturais, a mitigação das alterações climáticas, a conservação da biodiversidade e o bem-estar das comunidades residentes.
Observatórios regionais para uma gestão mais informada
Portugal criou a rede “Destination Watch”, um conjunto de observatórios regionais de turismo sustentável que recolhem dados e monitorizam indicadores específicos. Esta rede aproxima universidades, entidades de gestão de destinos e organismos públicos, fomentando o conhecimento e a colaboração para uma gestão turística mais sustentável.
Exemplos de indicadores propostos
Alguns dos indicadores sugeridos incluem a taxa de sazonalidade, que mede a concentração de dormidas nos meses de verão, o consumo energético e as emissões de CO2 do setor turístico, a satisfação das populações locais face ao turismo, a aplicação de taxas turísticas pelos municípios e o número de visitantes em centros de proteção da natureza. Em áreas como o consumo de água ou a proteção da biodiversidade, o estudo identifica ainda lacunas de informação e recomenda um reforço da recolha de dados, especialmente a nível municipal.
Transformar dados em políticas concretas
O estudo da OCDE reforça que a informação recolhida deve traduzir-se em ações concretas. Os dados obtidos permitirão definir políticas públicas que contribuam para reduzir a pressão ambiental em destinos sobrecarregados, redistribuir os fluxos turísticos por diferentes regiões, promover práticas de eficiência energética e hídrica e assegurar o bem-estar das comunidades residentes.
Um futuro mais equilibrado para o turismo em Portugal
Este trabalho representa um passo importante para que Portugal continue a crescer como destino turístico de referência, mas com um desenvolvimento cada vez mais sustentável, equilibrado e justo. A aposta numa gestão informada e baseada em indicadores permite garantir que o turismo beneficia visitantes, residentes e o património natural e cultural que distingue o país.
Leia o relatório do estudo: aqui