UE acelera competitividade e segurança com novo pacote da primavera
Comissão Europeia propõe orientações para reforçar a economia, assegurar contas públicas estáveis e incentivar o investimento.
O Parlamento Europeu traça o caminho para uma gestão mais sustentável da água na Europa
A água, recurso vital para a saúde humana, o ambiente, a agricultura, a produção de energia e a segurança alimentar, está sob crescente pressão em toda a Europa. Problemas como a escassez, a poluição e os impactos das alterações climáticas estão a tornar-se mais frequentes e intensos, afetando milhões de pessoas e vastas regiões do continente. Em resposta a esta realidade, o Parlamento Europeu aprovou, em maio de 2025, um relatório com propostas ambiciosas para uma futura Estratégia Europeia de Resiliência Hídrica. A Comissão Europeia deverá apresentar a futura estratégia no verão de 2025.
A escassez de água é um dos principais desafios identificados. Em 2022, cerca de 34% da população da União Europeia e 40% do território foram afetados por episódios sazonais de escassez hídrica, números que no sul da Europa chegam a atingir 70% da população nos meses de verão. Para enfrentar este problema crescente, os eurodeputados defendem a definição de metas vinculativas para a eficiência hídrica em todos os setores — indústria, agricultura e uso doméstico — incentivando a adoção de práticas sustentáveis e tecnologias inovadoras, incluindo a reutilização de águas residuais e a redução da poluição.
A qualidade da água é outra preocupação central. Dados da Agência Europeia do Ambiente revelam que apenas 37% das águas de superfície atingiram um estado ecológico “bom” ou “elevado” em 2021, e apenas 29% alcançaram um estado químico considerado satisfatório. Entre os poluentes mais preocupantes encontram-se os produtos químicos industriais, pesticidas, fertilizantes, microplásticos e as chamadas “substâncias químicas eternas” — compostos extremamente persistentes no ambiente e prejudiciais à saúde humana. O Parlamento propõe medidas rigorosas para reduzir estes poluentes, incluindo a eliminação progressiva das substâncias químicas mais perigosas nos produtos de consumo e a atualização dos limites permitidos na água potável.
As alterações climáticas agravam todos estes problemas. Ondas de calor, secas prolongadas e inundações estão a tornar-se mais frequentes e severas, colocando em risco ecossistemas, atividades económicas e o bem-estar das populações. Para mitigar os efeitos da seca, os eurodeputados recomendam o aumento da reutilização de águas residuais, o uso eficiente da água nos setores da construção, indústria e agricultura, e investimentos em soluções de armazenamento. Para enfrentar o risco de inundações, o relatório defende soluções baseadas na natureza, como a recuperação de zonas húmidas e a criação de áreas verdes de proteção.
A gestão dos recursos hídricos partilhados entre países é também destacada como prioridade. Muitos rios e lagos da Europa atravessam fronteiras, tornando essencial a cooperação entre Estados-membros. O Parlamento sublinha que a resiliência hídrica deve ser um objetivo comum europeu, defendendo políticas coordenadas, solidariedade transnacional e a criação de um fundo específico no próximo orçamento plurianual da UE (a partir de 2028) para apoiar as regiões mais vulneráveis à escassez de água.
Por fim, os eurodeputados apontam a tecnologia como aliada fundamental na construção de um futuro sustentável para a gestão da água. Propõem que a Comissão Europeia invista em soluções de inteligência artificial, sensores para monitorização em tempo real da qualidade e quantidade da água, sistemas de irrigação inteligente e tecnologias de tratamento avançado de águas residuais. Estas inovações permitirão melhorar a eficiência hídrica, aumentar a reutilização da água e preparar o continente para os desafios climáticos e ambientais que se avizinham.
Com esta nova estratégia, o Parlamento Europeu pretende reforçar a capacidade da União para proteger os seus recursos hídricos, garantir o acesso à água de qualidade e assegurar a sustentabilidade do seu uso, num contexto de mudança climática e crescente pressão sobre os ecossistemas aquáticos.
Pode ler o relatório do Parlamento Europeu sobre a futura Estratégia Europeia de Resiliência Hídrica aqui